Conhecendo os Vizinhos - Cerberus e Ice (Encerrado)

Altonia havia sido conquistada, e apesar dos problemas, tudo foi se encaixando conforme Cerberus pretendia. Principalmente depois da Invasão, a vitória deu a ele muito mais que seu sabor, mostrou aos outros regentes que ele tinha a força que prometera. Mas a verdade era que Cerberus não tinha esperado essa vitória, a luta precoce o assustara muito.

Enfim, as marés violentas exteriores tinham cessado, mas ainda tinha nas mãos toda aquela política interna entre as três cidades para se preocupar. Durante um tempo de calmaria aproveitou-se para consolidar seu poder, infiltrando-se e criando redes que permitiriam que as informações chegassem, fossem elas quais fossem, das mais tolas às mais substanciais.

Daria trocos de poder para os nobres que até então controlavam as cidades, pois precisava de seu apoio e por fim, moveria uma boa quantidade bélica para sua nova conquista, afinal, precisava manter suas terras e fazer-se sentir pelas ruas. Claro que a ideia não era manter o medo, mas em toda cidade podia sentir um certo tipo de tensão, a tensão do respeito entre senhores e vassalos, ideal para assustar possíveis revolucionários do antigo poder.

Diante de tudo aquilo, na mais recente data Cerberus cuidava de um problema que ele mesmo trouxera, exércitos demandavam montanhas de alimentação, e junto com os inventivos de Espennia ele buscava um jeito de autômatos melhorarem as produções de alimentos. A situação ainda não era crítica, mas era um problema que iria assolar a população em breve, caso não resolvessem aquilo.

Na sala do trono Cerberus conversava com Lorde Espenniard e seus inventivos criadores, buscando uma solução, quando chegou ao seu conhecimento, pelo mensageiro, que algo acontecia para além dos limites de Altonia, muito embora, ainda bem perto.

- Milorde, tenho notícias das redondezas, os batedores do leste mandaram notícias de uma enorme estrutura surgida do nada, e mandaram entregar isso aqui.

O homem franzino, vestido com roupas muito luxuosas destacando sua proximidade com a nobreza, brandiu no ar uma cópia do Jornal Diário do Lago. Cerberus interrompeu suas atividades, e foi de encontro ao pergaminho amassado.

- Muito curioso, para ter saído num jornal deve ter acontecido há semanas, e porquê eu estou sabendo somente agora?

Cerberus ficou um tanto irritado, ainda que com muito de sua rede de informação montada era ridículo saber de notícias externas após tanto tempo. Chegou a rápida conclusão que tinha se demorado em demasia em Altonia, e se irritou ainda mais.

- Droga...chamem Lady Aracna aqui. Vocês estão dispensados no momento, mas avaliem a situação com rapidez! - Disse dispensando os criativos - organizem três companhias de batedores.

Assim que todos saíram Altair e Argan saíram das sombras.

- Parece que perderam o jeito, acostumaram-se demais ao descanso desse lugar, estão fracos...

- Cale a boca...

- O que? Vai sentar e chorar na cama, junto a Lady Aracna e Sylar? A sombra riu, se divertindo.

- Vocês partirão com os batedores, precisam ver o que há dentro do castelo e nos apresentar.


Algum tempo depois, decorrido toda a logística de quando se planeja uma incursão a lugares desconhecidos, os batedores partiram, uma companhia de investigação para rumo ao castelo de gelo, uma outras para o sul, onde chamavam de Pantâno das Almas Nefastas e uma última companhia para norte, em busca de informações sobre novos habitantes, ou até mesmo os velhos habitantes do local. Argan e Altair partiram junto com as companhias, não como comandantes da missão, mas cada um com as próprias designações. Como de costumo, os dois andavam cobertos, com máscaras de feições neutras, muito embora o aço delas dizia algo não muito amigável.

Dias de viagem depois, eles estariam próximos à Fortaleza de Gelo, observando à distância e pensando em qual seria o próximo passo.

Conforme Altair avançava, ia conhecendo a fortaleza por dentro, em toda sua simplicidade. Não tinha nada de luxo, exceto a própria estética que uma fortaleza eficiente tinha. E as armadilhas pareciam óbvias demais a ele. Quando passou por Sandini, o louco, caiu bem em cima dele

- Um urso po... Mas de novo!?

Nem haveria tanto tempo de reação e logo um homenzarrão já tirava Sandini de cima do visitante, falando com voz grave. Era um homem musculoso, alto, usando mantas pesadas e uma barba negra imensa

- De novo digo eu, caro insano. Já é o quinto que pensa ser um urso polar... Aliás, duvido que sua mente estilhaçada reconheça um...

E arremessou ele para o lado

- Levante-se, meu caro. Eu sou Lupanir, o encantador de lobos... E o senhor?

[OFF: ¹ Não vou considerar a parte do cara que cai em cima de mim, considerando que Altair julga que o território é hostil, alguém viesse pra cima dele ele iria matar prontamente;
² Desculpa a demora em responder, esse fim de semana foi muito corrido.]

Altair repararia nas armadilhas obvias demais, era evidente que aquilo não deteria uma pessoa bem treinada, principalmente alguém com conhecimento de magia. Beirava a infantilidade.

Ao perceber o louco que ria ele não se aproximaria, no entanto, mais alguém parecia saber de sua presença ali. Não imaginava como, já que não tinha a mínima magia cercando o lugar de invasões.

Ouviu a voz do homem o cumprimentar. De imediato o homem teria apenas a visão da máscara sem expressão, observando durante alguns segundos de silêncio constrangedor, afinal ele estava invadindo e em sua terra isso não era visto com bons olhos.

- Olá...me desculpe esse tipo de chegada. - A voz saiu abafada por sob a máscara - No momento, pode me chamar de Sombra. Estou em missão de reconhecimento, afinal, o senhor acaba de construir essa geleira do nada. Pelas minhas informações, o senhor chegou há pouco tempo... - a voz dele não se preocupava em emitir tendências sentimentais, apenas dava as informações, sem julga-las.

- O senhor me toma pelo senhor do Punho de gelo, pressuponho. No entanto, como disse, é apenas o vassalo de alguém. Está tudo bem. O Punho de Gelo é território neutro. O senhor e seu suserano serão recebidos. Mas, já que adentrou sem nossa permissão, creio que o meu suserano deseje falar convosco...

Apesar da aparência rústica e bruta, era de uma fineza e de cultura além do que os estereótipos. Logo um lobo se aproximou, recebendo um carinho dele

- Me seguiria, senhor Sombra?

- Na verdade não te tomo por ninguém, amigo!

Falou em baixo tom, mas audível. Calaria-se depois disso, enquanto fazia menção de que seguiria o homenzarrão a sua frente. Colocou as mãos atrás das costas, cruzando-as tomou seu lugar logo atrás do anfitrião, seguindo-o de uma distância segura.

- Vamos adiante!

- Ah, toma-me sim. Disseste que participei da construção do Punho de Gelo. Fui aceito aqui há poucas semanas. Uma pessoa apenas ergueu a fortaleza, e foi o meu suserano.

Conforme caminhavam, veria diversas pessoas uniformizadas com roupas de inverno negras e azuis, uma mais bizarra que a outra. Mas poucas exalavam maldade ou bondade. As que o faziam, no entanto, exalavam os dois. Parecia ser regra aquele equilíbrio ali. E, logo, uma porta de madeira, com barras de gelo segurando, foi aberta.

- Meu suserano, Deadpeople. Eu trouxe o invasor para que pudessem conversar, como orientado.

Um homem, de onde uma pequena névoa emanava da parte baixa dos mantos de pele de urso, virou-se. Era claramente menor que Lupanir, mas ainda assim era uma presença respeitável. Quando virou-se, os cabelos brancos cortados curto, ou talvez quebrados pelo frio, se fizeram ver. Bem como os olhos azul-gelo, e as feições anguladas.

- Seu nome é Sombra e eu o encontrei antes de Sandini...

- Perfeito então, Lupanir. Pode se retirar. E relembre Sandini para conter sua loucura quando tivermos visitas. Dois dos nossos hóspedes relataram mordidas por serem confundidos com ursos polares...

(OFF: Não precisa se desculpar   )

O homenzarrão saiu prontamente da sala após uma mesura educada. Enquanto se dirigia à porta, Ice já descia, olhando o visitante inusitado com alguma indiferença, ou neutralidade absoluta. Apenas ao chegar próximo que uma mesa de gelo se ergueu, bem como uma cadeira se formou, como mobília prática e sem adornos.

- Sente-se, senhor Sombra. Temos assuntos a conversar...

E ele se sentou primeiro, aguardando o homem. Tão logo se sentasse, Ice pousaria o braço esquerdo na mesa, mantendo o direito sob seu manto de pele pesado.

- A que devemos a vossa visita? Outro a investigar a mudança climática promovida ou os relatos a respeito da fortaleza de gelo e pedra?